\ respiro /

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Água esparramada em cristal,
buraco de concha,
segredarei em teus ouvidos
os meus tormentos.
Apareceu qualquer cousa
em minha vida toda cinza,
embaçada, como água
esparramada em cristal.
Ritmo colorido
dos meus dias de espera,
duas, três, quatro horas,
e os teus ouvidos
eram buracos de concha,
retorcidos,
no desespero de não querer ouvir.
Me fizeram de pedra
quando eu queria
ser feita de amor.


poema: Hilda Hilst

filme: Il deserto rosso, Michelangelo Antonioni

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